Presidente afastado da Coreia do Sul deve ficar em cela solitária na prisão; entenda próximos passos
15/01/2025
Operação para prender Yoon levou cerca de seis horas para ser concluída e foi dificultada por apoiadores. Ele permaneceu em silêncio durante interrogatório nesta quarta-feira (15). O presidente sul-coreano destituído, Yoon Suk Yeol, chega ao prédio que abriga o Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO), em Gwacheon, no dia 15 de janeiro de 2025.
Pool da Coreia do Sul/via AP
Preso após uma operação que durou cerca de seis horas, o presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, deverá ficar em uma cela solitária no Centro de Detenção de Seul.
O local é maior e mais bem equipado do que as celas padrão, de 6,5 metros quadrados.
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Yoon foi detido na manhã de quarta-feira (15), pelo horário local — noite de terça-feira (14) no Brasil. Apoiadores de Yoon tentaram impedir a prisão. Ele foi alvo de um mandado de prisão no âmbito de uma investigação que apura acusações de insurreição, após ter decretado em dezembro uma lei marcial para restringir direitos civis. Na prática, ele promoveu uma tentativa fracassada de autogolpe.
Depois de ser preso, Yoon foi submetido a uma primeira rodada de interrogatório, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Autoridades responsáveis pela investigação prepararam um questionário de mais de 200 páginas para o presidente afastado, que, além de permanecer em silêncio, não permitiu a gravação.
As instalações usadas para o interrogatório incluem uma área de descanso com um sofá para acomodar Yoon, informou a agência Yonhap.
As autoridades têm 48 horas para interrogá-lo. Após isso, deverão solicitar um mandado de prisão para detê-lo por até 20 dias ou liberá-lo. Durante a custódia, Yoon será mantido no Centro de Detenção de Seul — que não é o mesmo local do interrogatório.
Na chegada ao centro de detenção, Yoon passou por uma verificação de identidade e um exame de saúde simples. Na prisão onde está, os detidos acordam às 6h30 e dormem após as 21h.
Centro de Detenção de Seul, onde se espera que o presidente sul-coreano destituído, Yoon Suk Yeol, seja mantido, em Uiwang
Kim Hong-Ji/Reuters
Operação para prender Yoon
Os investigadores tentaram prender Yoon pela primeira vez no dia 3 de janeiro. Naquele dia, os agentes foram impedidos de entrar na casa do presidente por seguranças e guardas militares. Apoiadores na porta da residência oficial também dificultaram a ação.
Desta vez, os investigadores fecharam um acordo com os guardas presidenciais, que garantiram que iriam autorizar a entrada para que o mandado de prisão fosse cumprido.
Ainda assim, cerca de 6.500 apoiadores de Yoon se posicionaram na frente da casa do presidente afastado para dificultar a operação. Segundo a agência de notícias estatal Yonhap, os simpatizantes formaram uma espécie de "corrente humana".
Presidente afastado da Coreia do Sul é preso
As autoridades começaram a avançar aos poucos nos arredores da residência de Yoon, até conseguirem entrar no imóvel. Os advogados do presidente afastado tentaram uma negociação, mas os investigadores sul-coreanos disseram que iriam cumprir o mandado.
Em um comunicado, o presidente afastado afirmou ser deplorável agentes realizarem uma "série de atos ilegais", incluindo a prisão dele. Yoon disse ainda que concordou em prestar depoimento para evitar "derramamento de sangue".
Ainda em dezembro, o Congresso aprovou a abertura de um processo de impeachment contra Yoon. Desde então, ele está afastado, e a Suprema Corte está analisando se ele deve perder o cargo de forma definitiva.
Ouça abaixo o episódio de O Assunto de 4 de dezembro, que explica a tentativa fracassada de autogolpe promovida por Yoon Suk Yeol:
Apoiadores de Yoon Suk Yeol tentam impedir a prisão do presidente afastado da Coreia do Sul
REUTERS/Tyrone Siu
Lei marcial
O decreto da lei, no início de dezembro, restringiu temporariamente o direito de civis. A medida também visava fechar a Assembleia Nacional, mas acabou fracassando e rejeitada pelos próprios deputados.
Ao anunciar a lei marcial, o presidente Yoon fez críticas à oposição. "Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas", disse.
O decreto veio em um contexto de baixa aprovação do presidente e de trocas de farpas com a Assembleia Nacional, que é controlada por deputados da oposição.
Desde então, Yoon foi alvo de uma operação policial e de uma votação na Assembleia Nacional que o afastou do cargo. Atualmente, a Coreia do Sul está sendo governada por um presidente interino.
Em dezembro, parlamento da Coreia do Sul aprovou impeachment contra Yoon Suk Yeol
Getty Images via BBC
Impasse na crise plítica da Coreia do Sul
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